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sexta-feira, janeiro 08, 2010 

Governo adjudica em Ansião Subconcessão do Pinhal Interior


Os municípios do Pinhal Interior Norte vivem domingo um dia histórico, uma vez que vão assistir à adjudicação da Subconcessão do Pinhal Interior, que prevê um conjunto de intervenções em termos de construção e reconversão de vias rodoviárias consideradas fundamentais para o desenvolvimento de toda esta franja territorial, que se estende de Pombal a Proença-a-Nova. A cerimónia chegou a estar marcada para 18 de Dezembro, mas a presença de José Sócrates em Copenhaga acabaria por ditar o seu adiamento para o próximo dia 10, uma vez que o primeiro-ministro, segundo apurámos, faz questão de marcar presença na cerimónia, a realizar junto ao nó de Avelar, pelas 12h00.

O município de Ansião foi o local escolhido para receber este momento histórico, muito embora o presidente da Câmara Municipal, ontem ao final da manhã, ainda não tivesse qualquer informação sobre o evento. Uma “falha” que não retira nada à «enorme satisfação» de Rui Rocha, não tanto por ser o anfitrião do momento, mas sobretudo pelo significado muito especial que representa.

Com efeito, o autarca, que sucedeu a Fernando Marques e deu início ao seu primeiro mandato à frente da Câmara de Ansião, sublinha o significado especial da Subconcessão do Pinhal Interior, que «assume uma importância estratégica para o desenvolvimento desta região». Em causa estão, refere, «vias reclamadas há muito» e que são «decisivas» para um território «com uma baixa densidade populacional». Rui Rocha atenta na importância que o conjunto de investimentos previstos representa em termos de acessibilidades, que reputa como factores fundamentais para o desenvolvimento.

Particularmente no que se refere ao concelho de Ansião, o “pacote” envolve a requalificação do IC8 e a construção do novo IC3, infra-estruturas que «vêm dotar o nosso concelho e toda a região do Pinhal Interior com vias modernas e seguras, que constituem um factor fundamental para a estratégia de desenvolvimento de cada autarca para o seu concelho», diz Rui Rocha. O autarca recorda ainda as reclamações que, há anos, se vêm somando relativamente à requalificação do IC8, uma via que, considera, quando foi construída, se revelou muito importante, mas que hoje está completamente “esgotada”. E chama a atenção especialmente para o troço entre Pontão e Pombal, onde, para além do péssimo estado do piso, a via “atrofia”, uma vez que tem poucos locais de ultrapassagem e hoje em dia é um itinerário «com uma carga muito significativa de veículos pesados», que «já não oferece condições».

Fundamentalmente, o economista que lidera os destinos do município de Ansião, enfatiza o reflexo que as novas vias da Subconcessão do Pinhal Interior representam em termos de «captação de investimento», seja directamente com a criação de empresas e postos de trabalhos, «contribuindo para a fixação das pessoas» e, consequentemente, para travar a desertificação, seja também relativamente a outras áreas, como é o caso do turismo que, reconhece, assume um peso cada vez mais significativo, quer relativamente ao seu concelho, quer em toda a região do Pinhal Interior. Rui Rocha faz ainda questão de frisar a importância da fileira florestal, um sector que a Comunidade Intermunicipal do Pinhal Interior pretende privilegiar e que «assume uma importância brutal na economia da região» mas que requer, necessariamente, «boas acessibilidades».

A adjudicação poderá significar, no entender do autarca de Ansião, uma mudança significativa no que têm sido as políticas governamentais que «nos têm afastado dos centros de decisão», uma vez que «temos sido discriminados negativamente» e a região tem sido vítima de um «país a duas velocidades». «Este conjunto de investimentos vem combater essa tendência dos vários governos e é fundamental para o desenvolvimento de toda esta região».

Sem falsas modéstias, Rui Rocha reconhece a «nova centralidade que Ansião vai ganhar», através da requalificação do IC8 e do novo IC3, conquistando «acessos muito bons», nomeadamente «ao novo aeroporto». Mais, entende este conjunto de investimentos como «um sinal de esperança» que «era importante o Governo dar», em nome de «um país com mais equidade».

“Um acto de justiça”
segundo Sócrates
Lançada em Junho de 2008 em Condeixa, numa cerimónia presidida por José Sócrates, a Concessão do Pinhal Interior foi aprovada no mesmo mês pelo Conselho de Ministro, apresentando-se, como na altura sublinhou o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicação, Mário Lino, como «o empreendimento mais ambicioso deste mandato», tendo em conta os “gordos” números que envolve. Com efeito, o “pacote” de intervenções a realizar envolve 22 concelhos de toda a região Centro do país, o que significa cerca de 400.000 habitantes e um investimento previsto de 772 milhões de euros.

Como vias estruturantes, a concessão envolve a construção do novo IC3, entre Tomar e Coimbra e a requalificação do IC8, entre Pombal e Proença-a--Nova, garantindo, também, uma rede de ligações “intermédias”, que garanta uma proximidade real entre as sedes de concelho da região. Em causa está um total de 567 quilómetros de vias, 173 dos quais de lanços para construção e 135 para requalificar, de acordo com a grelha de apresentação da obra, a 14 de Junho do ano passado.

A Concessão do Pinhal Interior representa o «momento» do Governo «olhar para a zona do Pinhal», num território que integra concelhos dos distritos de Coimbra, Leiria, Castelo Branco Santarém e constitui, sublinhou José Sócrates em Condeixa, «um acto de solidariedade, justiça e afirmação do Estado Português, que não quer deixar nenhuma região do país para trás, que quer fazer do território nacional um território coeso, reduzir as desigualdades» e, ao mesmo tempo, dar «à zona do Pinhal as mesmas oportunidades e condições que todas as outras regiões».

In Diário de Coimbra

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